Resenha
Contando Estrelas
Thati
Machado
Sinopse:
“Leo
e Davi deram início a uma linda história de amor, todavia ainda não encontraram
seu final feliz. Enquanto Leo quer gritar para o mundo o que sente pelo amado,
Davi não se sente pronto para assumir seus sentimentos e teme que a família o
rejeite. Esperando que vivenciar uma pequena aventura faça Davi mudar de ideia
e perceber o que realmente importa, Leo o leva para acampar junto com seus melhores
amigos. O acampamento, contudo, trará surpresas e reviravoltas. Será o medo
capaz de afastar dois corações que batem um uníssono?”
Como professora de Português e Literatura que
sou sempre tive o cuidado de me colocar numa posição bem distante de meu “eu” para analisar o que leio. Procuro deixar
de lado minhas opiniões pessoais, meus conceitos e preconceitos e até meus sentimentos.
Esqueço minha religião, tudo o que aprendi em minha vida, agora madura, para
que nada possa interferir em meus julgamentos. No entanto, confesso, me
debulhei em lágrimas ao ler esse livro. Fiquei muito surpresa com a minha
reação, mas foi impossível não permitir que meu coração criasse força diante de
tanta poesia.
É uma história que talvez possa estar
acontecendo na vizinhança e a gente não tenha conhecimento, já que o mundo
hipócrita não permite que certas realidades sejam expostas “comme Il faut”.
Leo e Davi são gays. Leo assumiu para sua
família e foi aceito, uma vez que esta é amorosa; Davi, filho de pais
religiosos, teme. Eles se encontraram, se apaixonaram e não conseguem viver seu
amor plenamente porque Davi teme a reação dos pais e do mundo.
Em um final de semana, acampando, Davi,
finalmente, resolve pedir Leo em namoro, porém (tem sempre um porém) acontece
algo que Davi não está esperando: o encontro com um ex, Rafa, que lhe mostra o
quanto é infeliz por não assumir sua homossexualidade. A coisa vai de mal a
pior... Ah, eu não vou contar...
Contando Estrelas não é sobre sexo, é sobre amor. Esse livro
mostra que precisamos parar de apontar o dedo para o que julgamos errado nos
outro simplesmente porque não aceitamos sua realidade. Senti uma tristeza tão
grande , seguida de uma emoção enorme quando essa onda de amor tomou conta de
mim que chorei. Chorei tanto, mas tanto que acho que estou desidratada até
agora. Por que, em nome de tudo, não podemos compreender o próximo e olhá-lo
como o ser humano que é? Por que não podemos simplesmente dar mais amor e
amizade, respeitar as pessoas? Seria tudo tão melhor.
Há um momento especialmente significativo no
livro para mim. Acontece quando Leo leva Davi a um descampado para que possam “contar
estrelas” e ele diz que contando estrelas consegue força para superar os
obstáculos da vida mais facilmente. Isso me lembrou meu porta favorito, Olavo
Bilac, em uma de suas obras, em que ele diz:
“Ora
(Direis) Ouvir estrelas! Certo
Perdeste
o senso!” Eu eu vos direi, no entanto,
Que,
para ouvi-las, muita vez desperto
E
abro as janelas... pálido de espanto’
(Soneto
XIII da obra Via Láctea, leiam depois o soneto completo, pois é lindo)
Eu sempre contei estrelas, pois elas são
infinitas e a prova do quão pequenos somos neste universo. Sempre foram, para
mim, símbolos de esperança e eternidade, embora não sejam eternas. Hoje, não as
conto mais, pois quem eu amo está entre elas.
Assim, ao contrário de Leo, eu não conto estrelas para superar meus
problemas, mas converso com elas. Pois, como Bilac bem disse “só quem ama tem
ouvidos capaz de ouvir e de entender s estrelas”.
Leiam Contando Estrelas com a mente e o
coração abertos e vocês não se arrependerão!
Em
tempo, Contando Estrelas é um spin off de Com Outros Olhos, da mesma autora,
obviamente (não é preciso ler Com Outros Olhos para ler Contando Estrelas, que
fique bem claro) e você pode encontrar os dois na plataforma Amazon ou entrando
em contato com a autora. Vejam os links:
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